
Complexo corporativo em Alphaville
BARUERI – SÃO PAULO
Arquitetura e Espaços de Trabalho pós Pandemia
A crise da Covid-19 trouxe novas reflexões sobre os espaços de trabalho. Esses novos paradigmas têm impactado principalmente na retomada das atividades de trabalho presenciais no Brasil e no mundo. Pesquisas apontam que 75% dos brasileiros preferem continuar no trabalho remoto com a opção de escolher a frequência dos dias presenciais. Esse fenômeno aponta algumas problemáticas nos espaços de trabalho atuais como: ambientes de trabalho estáticos e pouco atrativos, ausência de diversidade de programas, falta de integração com a natureza e áreas de descompressão, edifícios não sustentáveis e pouco adaptáveis às demandas do mercado atual.
A partir desse cenário, junto com a oportunidade da realização de um projeto com a temática do uso corporativo em um terreno em Alphaville – Barueri, propõe-se uma ressignificação dos espaços de trabalho levando em conta temas centrais como: flexibilidade, diversidade, complexidade, sustentabilidade e atratividade econômica. A fim de abarcar todos esses fatores, foi proposta uma metodologia projetual que visa a compreensão do projeto como uma metodologia adaptável ao seu contexto ao invés de um produto finalizado. Essa metodologia projetual leva em conta parâmetros construtivos, urbanos, ambientais e estruturais e pode ser facilmente aplicável em contextos diversos. Como estudo de caso aplicou-se essa metodologia em um terreno de 260m x 90m ao logo das Avenidas Tocantins e Xingu.

Essa metodologia projetual envolve três escalas de atuação: a Escala Urbana (no estudo de caso aplicado, nomeada como escala do complexo), que busca gerar volumetrias que se adequem a parâmetros urbanos e ambientais do local por meio do design generativo. A Escala do Módulo, que abrange um catálogo de diversos programas e espaços como: espaços de trabalho com layouts diversos, espaços de eventos, espaços culturais e espaços de fluidez e conexão com a natureza. E a Escala do Edifício, que englobaria a diversidade dos módulos com a demanda urbana junto com os sistemas técnicos necessários de um edifício.
Assim como a natureza e seu processo de otimização das espécies por meio de inputs contextuais complexos, a atividade projetual também visa a síntese diversos parâmetros construtivos e ambientais complexos. Dessa forma, utilizou-se algoritmos genéticos e uma simulação para determinar uma aproximação volumétrica da escala urbana que fosse mais otimizada para o contexto do estudo de caso, levando em conta as condicionantes locais.

Essa simulação utilizou o plugin Wallaceix e teve como genes e parâmetros de variações: definição de percursos internos no terreno, definição dos espaços públicos e privados utilizando a resolução do grid estrutural, extrusão do volume com uma variação do gabarito de 4 à 6 pavimentos visando o adensamento por horizontalidade e criação de passarelas delimitando um percurso semipúblico entre os edifícios. Como critérios de seleção da simulação foram considerados: máximo número de edifícios dentro do terreno, mínima diferença relativa de áreas entre edifícios, máximo coeficiente construtivo, máxima porosidade nos edifícios permitindo ventilação natural e mínima projeção de sombra no térreo a fim de cultivar-se a exposição solar das áreas verdes. A simulação rodou um total de 2000 mil soluções sendo organizadas em 10 indivíduos por geração e 200 gerações de análise no total.

Com base nessa simulação, conseguiu-se extrair algumas volumetrias para uma análise mais subjetiva e estética do projeto podendo indicar qual solução poderia ser detalhada mais a fundo. Em suma, a metodologia projetual e a ferramenta da simulação permitiu uma maior variabilidade de opções projetuais que se adaptam a diversos contextos, podendo refletir em soluções otimizadas e flexíveis para as necessidades dos espaços de trabalho atuais.



