
Retrofit Edifício Madre de Deus
RECIFE – PERNAMBUCO
Repensar ativos imobiliários
O Bairro do Recife passou por diversas modificações ao longo dos seus mais de 500 anos, mas sua história mais recente determina muito da sua dinâmica atual. Desde 1940, o bairro, centro econômico da cidade até então, sofreu com o processo de descentralização das suas atividades produtivas. Mas foi nos anos 1980, com a abertura do Porto de Suape e a desativação gradativa do Porto do Recife, que o esvaziamento e a decadência da região aceleraram.
Somente nas últimas décadas é que se consolidou o interesse em revitalizar o bairro, que recebeu inúmeros investimentos para sua renovação. Hoje pode-se dizer que o Bairro do Recife reconquistou relevância no cenário econômico da cidade, adquirindo destaque no panorama tecnológico mundial. Prevalentemente ocupado por escritórios, conta com alguns comércios (como cafés, bares, restaurantes) e equipamentos públicos e comerciais. Porém, ainda é uma região com escasso uso residencial e que sofre com seu esvaziamento noturno, já que seu dinamismo acontece no horário comercial.
É diante desse contexto que o presente estudo apresenta o diagnóstico da situação atual e a proposição de possíveis cenários e estratégias para a readequação do edifício José Ermírio de Moraes, conhecido como edifício Votorantim, localizado no Bairro do Recife.
Localizado na rua Madre de Deus, Bairro do Recife – Pernambuco, o edifício é de propriedade do Grupo Votorantim e, portanto, conhecido como Edifício Votorantim.
O objetivo deste estudo foi esclarecer os desafios e os potenciais ligados à situação local e determinar uma visão de futuro para o imóvel e desenvolvimento de seu Retrofit.
O diagnóstico parte do levantamento do edifício, da análise legal e do contexto urbano atual. Um dos agentes mais relevantes na atual dinâmica do bairro é o Porto Digital, parque tecnológico que atua nos setores de Tecnologia da Informação e Comunicação, Economia Criativa e Tecnologias para Cidades. Foi feita uma análise do perfil destas empresas, de seus funcionários e de como eles se deslocam até o trabalho. Também foram avaliados os novos empreendimentos do bairro, as ações previstas por parte da prefeitura para o local, o transporte público e oferta de vagas de estacionamento.
O diagnóstico colaborativo foi construído por meio de reuniões com profissionais de várias áreas e, por fim, fundindo todas as informações, fez-se um painel resumo e dele foram feitas conclusões para prosseguir com as propostas. A percepção geral dos frequentadores do bairro perante o edifício é de desconhecimento devido à falta de interação com o entorno. Já os usuários do imóvel destacam a ineficiente infraestrutura energética do edifício, a falta de espaços de suporte para eventos (como auditório com café) e a imagem desatualizada da edificação, dentre outros aspectos.
A partir das informações levantadas no Diagnóstico e leitura da visão dos stakeholders, foi possível repensar o uso e ocupação atual do edifício.
Foram identificados três cenários de grande potencialidade: manutenção do uso comercial de escritórios (1), com modernização e revitalização da infraestrutura do edifício; uso misto – hotel (2), para apoio à demanda de turismo de negócios e da cidade; uso misto – residencial (3), atraente devido à localização central e vista privilegiada, dialogando com as demandas para movimentação do bairro nos horários não comerciais.