Mercado Público Central

PORTO ALEGRE – RIO GRANDE DO SUL

O mercado como âncora da requalificação do centro

Os mercados têm sido uma parte importante do comércio nas cidades brasileiras, principalmente após o século XIX. Eles representam não só o lugar onde as pessoas compram produtos alimentícios e não alimentícios, mas também o lugar onde normalmente se encontra o coração da cidade. Quando as cadeias de distribuição de alimentos ainda não haviam evoluído, os pequenos comerciantes eram a única fonte da cidade para a compra de insumos.

O comércio local, e em particular os mercados municipais, estão atualmente sofrendo diversas pressões. Nesse cenário e após uma abordagem que visa modernizar as suas instalações, serviços e oferta aos cidadãos, os mercados ponderam qual deverá ser o caminho a seguir nos próximos anos.

Neste contexto, foi realizado um estudo de pré-viabilidade do Mercado Público Central de Porto Alegre, composto por análises e informações existentes relacionadas à sua estrutura espacial, logística, econômica e de gestão, ampliando esta análise também sobre vários mercados, em casos de sucesso no Brasil e em outras partes do mundo. O estudo visou estruturar a parceria entre a Associação do Comércio do Mercado Público Central de Porto Alegre (ASCOMEPC) e a gestão municipal, resultando em diferentes cenários de estruturação da parceria. Desenvolvido por equipe multidisciplinar, o trabalho também abrangeu o estudo operacional e econômico-financeiro, além da estruturação do modelo jurídico.

O Mercado Público Central de Porto Alegre está localizado no Centro Histórico do município, área de uso misto e de relevância histórico-cultural-turística para a cidade.

Sua localização é estratégica: além de estar conectado a importantes estradas da região, dista somente 8,4 km do Aeroporto Internacional Salgado Filho e está inserido no ponto nodal de acesso ao sistema de transporte público e rede ferroviária de Porto Alegre e Região Metropolitana.

De grande representatividade no contexto de inserção, o Mercado reforça a potencialidade do local como centralidade urbana e ponto estratégico na dinâmica da cidade; apresenta reconhecido valor histórico-cultural, integrado ao cotidiano da população. Além da oportunidade de potencializar o eixo cultural existente, observa-se a importância de valorizar os caminhos afetivos do porto-alegrense no território urbano, incluindo os locais de memória coletiva pertencentes a esse circuito de laços com a cidade e sua história. Dessa forma, busca-se uma maior conexão da vida urbana no centro histórico, fortalecimento da história e cultura porto-alegrenses e valorização da inserção desses locais no circuito turístico do município e região.

fonte: Correio do Povo

Atualmente o Mercado possui mais de 100 estabelecimentos com um mix variado de atividades e é referência no atendimento e na relação entre os clientes/ visitantes e os permissionários (mercadeiros). Além das bancas históricas que fazem parte há diversas gerações da história dos gaúchos, o Mercado é palco de manifestações culturais, festividades religiosas, eventos e feiras temporárias.

Assim, além de ser um dos principais centros de abastecimento da cidade, o Mercado representa um espaço público significativo de trocas e diversidade. Com grande potencial para se fortalecer como atrativo turístico, destinado àqueles interessados na degustação de sabores exóticos, pratos populares e tradicionais, além da vivência e experiência social e cultural.

legenda: 1) valorização da cultura e memória local; 2) crescimento do turismo; 3) espaços de uso múltiplo; 4) extensão para o espaço público; 5) estratégias sustentáveis e inovação.

Diante das oportunidades da localização estratégica do Mercado, da consolidação de uma rede de equipamentos no centro histórico, da forte presença e envolvimento dos permissionários na gestão do espaço, das novas tendências mundiais e da valorização da memória histórica do edifício, o estudo delineou algumas diretrizes com vistas a fortalecer o Mercado como um grande destino de usos múltiplos, modernizado e alinhado ao contexto e demandas atuais, além de gerido pelos próprios permissionários.

As diretrizes compreendem estratégias ligadas à sustentabilidade e inovação, criação de espaços de uso múltiplo, fortalecimento da atratividade turística, valorização da cultura e memória local e extensão para o espaço público.

Nos diferentes cenários estudados, contemplou-se a reforma do patrimônio arquitetônico; adequação das instalações logísticas e do sistema de gestão de resíduos, considerando integração ao sistema de coleta mecanizada e programas de compostagem; implementação de sistema de energia fotovoltaica; criação de espaço multiusos para eventos, com desenvolvimento de uma agenda que movimente a diversidade artística e cultural gaúcha e do Mercado; criação do espaço e promoção do conceito de Cozinha Escola, fomentando a formação e capacitação da população em geral e dos próprios permissionários, assim como para divulgação da culinária local, aproximando ainda mais o Mercado e a população; melhorias na acessibilidade e no entorno, dentre outros.

Além disso, as melhorias compreendem a ampliação do mix de usos; desenvolvimento de programas educacionais; visita guiada; aumento da conectividade digital, com o oferecimento de informações práticas e compras por meio de mídias digitais, comércio eletrônico e aplicativos, prática ampliada no ano de 2020 e que deve ser estruturada e fortalecida, dando maior visibilidade e alcance ao Mercado.

legenda: 1) ponto nodal; 2) conexão do território; 3) forte presença dos mercadeiros; 4) tendências e inovação; 5) memória e patrimônio.