Parque Nacional da Serra da Canastra

Serra da Canastra – Minas Gerais

Infraestruturas para o monitoramento de prevenção e combate aos incêndios

Criado em 1972, o Parque Nacional da Serra da Canastra preserva as nascentes do rio São Francisco e de diversos outros rios, além de abrigar várias fitofisionomias do Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, e considerado um hotspot mundial de biodiversidade o qual, contudo, corre sérios riscos de extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro mais afetado e alterado devido à ocupação antrópica.

A unidade de conservação (UC) está dentre as poucas áreas de proteção integral do bioma. Ao mesmo tempo, o território do parque apresenta grande incidência de incêndios florestais, conformando uma grave ameaça para a conservação da biodiversidade e manutenção dos processos ecológicos. Os incêndios ocorrem devido a fatores diversos, incluindo aspectos da atividade humana na região. Estudos e esforços de várias frentes vêm sendo direcionados com o objetivo de reduzir esses índices.

Esse trabalho aborda a elaboração de projetos básicos e executivos de arquitetura e engenharia para melhoria das condições das infraestruturas e implantação de novas bases de apoio à prevenção e combate aos incêndios florestais no parque.

Situado no sudoeste do estado de Minas Gerais, ao norte do Rio Grande, o parque tem aproximadamente 200 mil hectares. Composto por maciços e vales, compõe uma paisagem única de vistas panorâmicas e inúmeras cachoeiras.

1) São Roque de Minas / Escritório do Parque; (2) Base Jaguaré; (3) Torre de Observação do Bentinho; (4) Torre de Observação Serra Brava; (5) Portaria 2 São João Batista; (6) Torre de Observação dos Currais; (7) Portaria 3 Sacramento.

As intervenções contemplam novas construções e reformas referentes às bases da brigada e torres de observação. Quando em ações de combate a incêndios, o local chega a receber 60 pessoas nas bases, sem apresentar estrutura adequada para acomodação e atendimento desta demanda. Já as torres, fundamentais para o monitoramento de prevenção e combate aos incêndios, devem estar localizadas em posições estratégicas. São seis núcleos que abrigam as intervenções, localizados no interior do parque próximo da estrada principal.

Foram criadas estruturas funcionais que remetem à arquitetura vernacular, com utilização de materiais locais e que apresentam critérios ambientais e de sustentabilidade, além de serem compostas por um projeto modular, utilizando sistemas pré-fabricados, visando minimizar os impactos de construção dentro da UC. Para as bases das brigadas foram projetados módulos que permitem rápida construção e ampliação conforme a demanda.

São João Batista: (1) Reforma / (2) Sanitários / (3) Refeitório / (4) Cozinha / (5) Lavanderia / (6) Depósito / (7) Garagem
Brigada Sacramento: (1) Garagem / (2) Depósito / (3) Convívio / (4) Alojamento / (5) Escritório / (6) Refeitório / (7) Lavanderia / (8) Cozinha / (9) Sanitários; Brigada
1) cobertura e fachada em telha trapezoidal sanduíche; 2) estrutura em grelha metálica; 3) alvenaria e elementos vazados em tijolo solo compacto.

Os materiais resgatam características da beleza cênica dos grandes paredões de rocha e da terra avermelhada presente na região, além das estruturas já existentes no parque. A escolha dos materiais, sistemas construtivos e dos fechamentos priorizou o desempenho térmico e acústico, além da agilidade para montagem na obra.

legenda: 1) cobertura em telha trapezoidal sanduíche; 2) estrutura em grelha metálica; 3) fechamento em madeira nativa certificada; 4) embasamentos em pedra São Tomé.

As condições específicas do clima local, em especial a relação entre amplitude térmica e umidade e a incidência de radiação solar, direcionaram à adoção de diretrizes sustentáveis na construção e reforma das edificações. Iluminação natural, ventilação cruzada, elementos de proteção solar e fachadas com isolamento térmico são alguns exemplos que contribuem para a eficiência energética e conforto térmico das edificações. O banheiro seco foi adotado para os projetos de implantação isolada e em áreas ecologicamente sensíveis, cujo sistema não gera efluentes sanitários e não utiliza água, sendo um método eficiente que transforma os resíduos em adubo orgânico.