Parque Urbano Lago Jará

Juruti – Pará

Um parque que une cidade e meio ambiente na amazônia

O município de Juruti mantém 62% de suas florestas nativas conservadas, porém o crescimento populacional acelerado nos últimos anos tem causado constantes transformações no território e que afetam negativamente o ecossistema da região.

Nesse contexto, o Lago Jará aparece como um importante elemento estruturador da paisagem e, ao mesmo tempo, como uma das áreas mais sensíveis e carentes de regulação e proteção. Dentre os principais fatores que aceleram seu processo de degradação, destacam-se ocupações irregulares no entorno, o despejo de efluentes “in natura” em suas águas e a implantação de vias de acesso sem adequado sistema de coleta de águas pluviais.

O projeto objetiva o desenvolvimento de uso público planejado nas margens do lago visando controlar o avanço da mancha urbana sobre seus limites e fomentar a conscientização da população sobre a sua relevância, inclusive desenvolvendo atividades que gerem renda local e que incentivem o uso sustentável dos recursos naturais da região.

O Lago Jará e seu entorno somam uma área de 240 hectares com enorme potencial de uso público para o lazer e faz parte do patrimônio cultural-histórico e natural do município, além de constituir um reservatório natural de abastecimento da cidade. Pertencente à Mesorregião do Baixo Amazonas, Juruti detém uma grande e preservada área de floresta, onde predomina o bioma de floresta tropical amazônica.

1) parque; 2) pontos de interesse; 3) conexões; 4) ciclovia

O início do projeto foi estruturado por visitas de campo e reuniões envolvendo a comunidade e governo local.

A estratégia de planejamento parte da implantação de um parque ambiental em terreno da Prefeitura Municipal, compondo ações de fomento ao uso público em outras propriedades que conectam as áreas envolvidas, desenvolvendo uma janela de interesse público para o lago. A conexão do lago ao tecido urbano é fortalecida pela proposição de uma rede cicloviária criando um circuito de lazer em Juruti.

A proposta do parque está estruturada em três zonas. A Zona Urbana, que cria um espaço de convergência e incentivo à vida pública do município, abrigando usos e atividades socioculturais, dando suporte à insuficiência de espaços públicos, de recreação e de atendimento ao turismo em Juruti. Já a Zona de Conexão cria um espaço de transição entre as zonas, conformado por uma região de mata com menor interferência antrópica e proposição de usos contemplativos. Por fim, há a Zona do Lago, para onde foram propostos usos relacionados à água e ao ecoturismo, além de espaços diversos de contemplação.

1) Zona urbana; 2) Zona de conexão; 3) Zona lago; 4) Balneário do André; 5) Trilha para o balneário; 6) Trilha para o porto; 7) Oasis (eventos); 8) Porto; 9) Ciclovia; 10) Praça matriz; 11) Parque de exposições
1) Zona urbana (equipamento cultural, alimentação, parque infantil, ginástica, área esportiva, jardim, horta); 2) Zona de conexão (trilhas, mirante); 3) Zona lago (atividades aquáticas, contemplação, deck, banho, pesca, alimentação).

O programa contempla ainda Centro de Atendimento ao Turista (CAT), Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), Biblioteca, Auditório, Sanitários, Serviços de Alimentação, Apoio para Pesquisa, Estruturação de Trilhas e Mirantes, Deck e Piscina Natural.

O conceito para as construções propostas incorpora elementos da arquitetura vernacular, indígena e ribeirinha buscando elementos na arquitetura tradicional e a utilização de materiais locais, técnicas construtivas tradicionais, tipologias regionais e espaços integrados e adaptados ao meio natural. São propostos elementos modulares realizados em taipa, técnica amplamente utilizada na região. Nos espaços de convivência e áreas livres do parque são utilizados materiais permeáveis, recicláveis e/ou certificados, considerando todo o ciclo de vida da edificação – incluindo seu uso, manutenção e reciclagem.

1) Viveiro coberto com tela; 2) Ripado vertical de proteção solar; 3) Piso elevado; 4) Ventilação cruzada, inércia térmica, painéis fotovoltaicos e iluminação em led; 5) Cobertura em palha de paxiúba e paredes em taipa (madeira e terra).

A partir da compreensão dos determinantes de conforto térmico impostos pelas condições do clima local, priorizaram-se estratégias passivas e bioclimáticas, como o aproveitamento da ventilação cruzada e iluminação natural, considerando as estratégias de saberes locais e tradicionais construídos ao longo da história, destacando-se aqui a presença dos povos Sateré-Mawé no território.